Flávio Tavares e a Subsecretaria de Cultura

Calina Bispo
Repórter
27.02.09


Na última quinta-feira (26), o atual Subsecretario de Cultura do Governo do Estado, o artista plástico Flávio Tavares se reuniu com o seu antecessor, o produtor cultural Sandoval Nóbrega para se inteirar da situação do órgão que tem a responsabilidade de criar e gerir políticas públicas para a cultura na Paraíba.

Com o “bonde andando”, Flávio Tavares diz de forma agradecida que foi pego de surpresa pelo convite, já que não tem experiência administrativa de gestão cultural, mas em compensação é um dos artistas paraibanos mais conhecidos aqui e nacionalmente.

“Ainda me sinto desconectado, porque tenho um ritmo de trabalho e de repente me botam dentro de um campo onde tenho que conversar com vários segmentos políticos e pessoas ligadas a arte. É por isso que sobre a área cultural não posso nem falar agora”, afirma o subsecretario.

Flávio Tavares é a terceira pessoa a assumir a Subsecretaria de Cultura em menos de três anos – Daniela Ribeiro e Sandoval Nóbrega foram seus antecessores respectivamente, e começa com o desafio de criar um plano de ação onde o tempo é um dos maiores obstáculos, tendo em vista que já no próximo ano serão realizadas novas eleições para o Governo do Estado.

“Sandoval se colocou totalmente a minha disposição para me por a par de tudo, pois pela conversa que tivemos agora a pouco vi o quanto há para ser feito na Subsecretaria, são muitas ações já iniciadas, outras para começar e bastante coisa para eu compreender”, diz o atual subsecretario.

Sobre o FIC - Fundo de Incentivo a Cultura Lei Augusto dos Anjos, Sandoval Nóbrega diz que está entregando a subsecretaria com dotação orçamentária para cumprir os projetos do FIC, uma das grandes preocupações dos 63 proponentes dos projetos contemplados no edital 2008.

“Tem alguns projetos que já receberam o valor integral dos recursos, tipo aqueles que tinham cronograma de atividades previstos para os meses de janeiro e fevereiro”, observa o ex-subsecretario.

Nóbrega diz que do total de recursos destinados ao FIC, na ordem de R$ 1.565.769,82 (um milhão, quinhentos e sessenta e cinco mil, setecentos e sessenta e nove reais e oitenta e dois centavos), cerca de 23% destes recursos já foram repassados aos proponentes, o que dá aproximadamente 360 mil reais.

Ao serem perguntados sobre o edital 2009, tanto o atual secretário quanto o seu antecessor afirmam que este ano não será possível abrir seleção para o FIC, mas que em 2010 é praticamente certo.

“Como houve muitas mudanças nos últimos três anos dentro da Subsecretaria, ainda há projetos atrasados, tanto em realização e prestação de contas quanto no repasse dos recursos”, justifica Sandoval Nóbrega.

“Pretendemos garantir a realização e finalização de tudo que está pendente antes de lançamos outro edital, por isso só em 2010 abriremos inscrição para seleção pública de novos projetos”, confirma o atual subsecretario.

Nova Gestão e Políticas Públicas

O subsecretario observa que para se gerir a cultura é necessário preservar sua memória e conhecer suas raízes, antes de qualquer coisa. Acreditando nisso como uma das características a serem identificadas em sua gestão, Flavio Tavares diz que é necessária uma política cultural sustentada por um lastro de organização envolvendo conceitos de museu e restauração, ou seja, uma política cultural capaz de levantar a memória da Paraíba.

“É preciso ter um entendimento daquilo que chamamos ‘a cultura do povo’, porque a gente está perdendo isso. É preciso termos o entendimento da forma e do nascer da cultura que Darcy Ribeiro tanto investigou. E esse entendimento não é uma coisa fácil de se conseguir pois não o é entendimento do artista e sim a cultura em si mesma”, conclui.

Sobre o Festival Nacional de Arte, promovido pela Fundação Espaço Cultural da Paraíba – ainda sem presidente, Tavares diz que por ser um evento realizado por uma Fundação que tem autonomia adminsitrativa, ele ainda não dispõe de informações sobre o projeto de 2009, mas garante, “é uma de nossas prioridades, pois é um evento de suma importancia para todo o estado e não seria justo com a Paraíba não garantirmos sua realização”, conclui.


Breve Perfil de Flávio Tavares

Flávio Roberto Tavares de Melo nasceu em João Pessoa - PB, no dia 15 de fevereiro de 1950. Nascido em berço artístico, vem de uma família que mergulhou nas mais variadas formas de artes: seu avô era um notável fotógrafo, e seu pai era bastante dedicado ao desenho, tendo produzido, inclusive, várias vinhetas para programas locais.

Conquistou respeito e admiração trabalhando em diferentes técnicas como a pintura, desenho, gravura, aquarela e escultura. Aos 14 anos começava a revelar sua paixão pelas artes plásticas, e com pouco mais de 20 já havia realizado exposições em Recife, Rio de Janeiro e São Paulo.

Aos 24 anos conquistava o prêmio Salão de Arte Global em Olinda, no ano de 1974, quando teve a oportunidade de conhecer, através da premiação, parte da Europa.

Hoje, aos 59 anos, Flávio Tavares tem um currículo artístico extenso e respeitado internacionalmente. Tem participado de mostras nas grandes cidades do Brasil e do mundo. Já pintou cenários para peças teatrais e produziu painéis e murais na Paraíba e em outros estados nordestinos.

Flavio Tavares tem trabalhos expostos em vários países como Estados Unidos, Israel, França, Alemanha. Já foram temas de seus trabalhos Augusto dos Anjos e Ariano Suassuna.