Calina Bispo
Repórter
29.01.08
“Deixo o mundo avisado de teu nome/sete vezes escrevi o seu nome/deixo o mundo avisado de teu nome/num mundo assim bem grande...colorir tudo de amor/inventar um novo jeito de brincar/saber perder alguma coisa pra sobreviver”. Música de amor do Rappa? É sim! Mas não pensem que isso faz com que O Rappa deixe ser O Rappa.
Com versos de amor, a música 7 Vezes dá nome ao novo disco do grupo O Rappa, após um longo jejum de 5 anos sem disco autoral, o último, “O Silêncio Q Precede o Esporro” foi lançado em 2003.
O quarteto vem a João Pessoa mostrar o resultado de cinco anos de pesquisa, trabalho e muita experimentação com uma centena de músicas novas que agora se reduzem às 14 presentes no disco. Mas com certeza, músicas como Rôdo Cotidiano (O Silêncio Q Precede O Esporro, 2003); Pescador de Ilusões (Rappa Mundi, 1995); A Minha Alma (Lado B Lado A, 2000); e Todo camburão tem um pouco de navio negreiro (O Rappa, 1997), estarão no set list da noite.
O show acontece no Jacaré Pop nesta sexta-feira (30), a partir das 22h. Os ingressos estão sendo vendidos na loja Lupa Lupa do Manaíra Shopping, aos preços de R$ 30,00 (pista) e R$ 50,00 (camarote). O preço é salgado, mas quem ainda tiver recursos com um verão tão intenso em João Pessoa, o investimento é válido. Para aqueles que não puderem investir nesse valor (já que há não preço de estudante), é possível se contentar ouvindo “7 Vezes” inteirinho no endereço http://www.orappa7x.com/ .
Apesar do momentâneo lampejo de romantismo no disco novo, não se enganem, é O Rappa sim, com seus “esporros” e toda a força que só um show ao vivo é capaz de revelar. Provocando através de músicas como a que abre o disco novo “Meu santo tá cansado” ou mesmo revisitando um clássico da cantoria popular a exemplo de Súplica Cearense, famosa na voz de Luiz Gonzaga. É o Rappa.
7 Vezes, o sétimo álbum de uma trajetória iniciada há 16 anos, é puro Rappa. “O groove forte, que revela várias camadas sonoras, embala relatos vindos daquele lado de lá que fica bem do lado de cá: Bronx, Brixton, Baixada, Alagados, Trenchtown, Favela da Maré... O trajeto pode ser diferente, mas o destino é sempre o mesmo”, diz a assessoria do grupo.
Os assessores lembram que uma das melhores características do quarteto é sua capacidade de pegar temas pesados do cotidiano de pessoas para quem nada é leve e transformá-los em canções repletas de força, esperança, beleza, balanço e espiritualidade.
“A novidade aqui nas 14 faixas de 7 Vezes é a abordagem que vai além do jornalismo. É o hiper-real. O surreal. O nonsense de um Frank Zappa com sol na moleira. A psicodelia possível no trem da Central, misturando numa mesma narrativa os sete pecados e os sete elementos da alquimia. Um filme além do Cidade de Deus, além do Tropa de Elite, com imagens de um Rio de Janeiro que se decompõe e se dissolve em plena luz do dia em milhares de cores, sabores e desgraças”, enfatiza a assessoria.
E o protesto, o esporro político e social? “A gente nunca foi uma banda de protesto, nunca foi de dizer o que é certo e o que é errado. A gente tem nossa verdade e não priorizamos o discurso em detrimento da música”, explicou o guitarrista Xandão em entrevista coletiva no Rio de Janeiro.
“Essa coisa de protesto dá impressão de que somos uma banda sisuda. E a gente não é assim. Temos esse humor inerente do carioca, de rir de nós mesmos, de zoar um com o outro”, reforça Falcão.
Apesar de afirmarem isso constantemente em entrevistas pelo Brasil afora, não há como dissociar essa imagem de banda de protesto. O próprio texto de apresentação do novo cd no site do grupo confirma uma postura política do grupo em relação ao dia a dia do homem pós-moderno. E em 7 Vezes não podia ser diferente.
“Sim, a virulência política é uma constante em 7 Vezes. A começar pela primeira faixa de trabalho, “Monstro Invisível”. Sobre o dubzão – com o perdão do trocadilho – monstruoso, colorido por ecos de Jorge Ben, eles avisam: ouça o lado sujo, cria do descaso / alimentando folhas em preto e branco / outra epidemia.”
Sobre as experiências sonoras, a assessoria diz que a experimentação foi regra até a hora da mixagem de 7 Vezes. “Não bastava ter um som bonito: ele também tinha que ser diferente. Estranho, por vezes. E até escroto, se fosse o caso. Afinal, que graça teria um disco d’O Rappa se não fosse para tirar o sujeito da cadeira? Piano de brinquedo, vibrafone, steel drums, marmita, balde d’água com garrafas, violoncelo, cravos, instrumentos indianos... Tudo isso achou seu lugar, junto com as intervenções cada vez mais musicais do DJ Negralha e as percussões de Klebinho e Bernardo”.
O Rappa é formado pelo guitarrista Xandão Menezes, natural de João Pessoa que acompanha o grupo desde o começo. Além do paraibano,m três cariocas completam o quarteto: Marcelo Falcão (vocalista), Lauro Farias (baixista) e Marcelo Lobato (baterista).
Discografia
7 vezes - 2008
Warner 30 Anos: O Rappa - 2006
Acústico MTV - Edição Platina - O Rappa - 2006
Acústico MTV - O Rappa - 2005
Dose Dupla: O Rappa CD + DVD - 2005
O Silêncio Q Precede o Esporro - 2003
Instinto Coletivo- ao Vivo: Versão Simples - 2002
Instinto Coletivo: ao Vivo - 2001
Lado B Lado A: Edição Especial - 2000
O Rappa - 1997
Rappa Mundi - 1995
Serviço:
O quê: Show 7 Vezes, O Rappa
Onde: Jacaré Pop
Quando: sexta-feira (30/01), 22h
Ingressos: Loja Lupa, Lupa (Manaíra Shopping)
Quanto: R$ 30,00 (pista) e R$ 50,00 (camarote)
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
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