Matéria publicada no9 Jornal A União
Calina Bispo
18.02.2008
Repórter
Filme-acontecimento. Pirateado, festejado, difamado, defendido e combatido. Esses são apenas alguns dos adjetivos que acompanham a trajetória de Tropa de Elite, de José Padilha. Capitão Nascimento que o diga. O PEDE PRA SAIR da personagem virou até brincadeira de criança. Antes mesmo de estrear nas telas de cinema, o filme já tinha se tornado um fenômeno da pirataria brasileira.
Grande vencedor do Festival de Berlim, o filme de Padilha garantiu o Urso de Ouro neste sábado (16). Essa premiação oferece à Tropa de Elite outra chance de concorrer ao Oscar – em 2009, pois o critério para tal é o ano em que o filme passa a ser exibido nos Estados Unidos, não importando o ano de produção.
Com roteiro do próprio Padilha, acompanhado do premiado Bráulio Mantovani (Cidade de Deus) e do ex-capitão do BOPE, Rodrigo Pimentel, Tropa de Elite é considerado pela crítica como um tributário de Cidade de Deus.
Para o crítico de cinema Renato Felix, a premiação é merecida, apesar de ele não conhecer os outros concorrentes. “Tropa de Elite é um filme muito bom, isso é inegável. Quando me perguntaram a semana passada se ele tinha chance de ganhar, eu disse que não sabia por não conhecer os outros filmes que estavam em disputa, mas sua excelência narrativa é algo muito forte e com certeza foi uma das coisas que fez com ele desbancasse inclusive Sangue Negro, de Paul Thomas Anderson – 8 indicações ao Oscar”, enfatiza.
"Tropa de elite" deverá estrear nos Estados Unidos em um circuito mais amplo de cinemas entre o final de março e o começo de abril e, a depender da repercussão, sua carreira poderá receber um impulso ainda maior. Um de seus grandes méritos foi fazer emergir o complexo de questões do Brasil contemporâneo, com suas críticas, aproximações e afastamentos da realidade.
Já o mestre em letras e crítico de cinema Zonda Bez atenta para o fato de que um dos grandes acontecimentos do filme foi sua própria pirataria. “A aura do filme começa com a campanha mais democrática do cinema nacional: a 'venda direta' em camelos pela bagatela de dois reais, metade do ingresso mais barato nos cinemas comerciais...parece que assistir esse filme fora desse esquema, é metade do que ele representa”, observa.
Vê-se que o filme se tornou um acontecimento em 2007 porque um grande número de pessoas teve a oportunidade em assisti-lo, o que não seria possível se esse público fosse exclusivamente aquele que tem condições de pagar os preços exorbitantes que as salas de cinema exigem do espectador. A dois reais a cópia, a Tropa de Elite de Capitão Nascimento movimentou o comércio informal, transformou o filme em sensação e despertou a crítica e a academia para opiniões distintas e investigadoras.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
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