quarta-feira, 11 de março de 2009

IV Festival de Aboios de São José dos Ramos

Calina Bispo
Repórter
11.03.09





Tem início nesta sexta-feira (13), o IV Festival de Aboio da cidade de João José dos Ramos, localizada a 90 km de João Pessoa. Como uma população de pouco mais de cinco mil habitantes, a cidade da Zona da Mata paraibana recebe neste final de semana uma diversidade expressiva da cultura popular tradicional do Estado. O evento também homenageia o repentista Manoel Xudu e o poeta popular Zé de Brito.

A idealização do Festival é da pesquisadora Laura Maurício, doutora em oralidade e escritura. Segundo ela, diversas expressões da cultura popular participam do festival, contribuindo assim para a preservação dos valores e costumes da gente do campo, e da própria identidade cultural da região onde ele acontece.

“Além dos aboios, que é a parte mais interessante da festa, teremos ainda a competição de montaria, corrida e desfile de jegue, cavalgada, missa do vaqueiro e muito forró pé de serra”, explica a idealizadora.

Além do processo de preservação e valorização dos costumes, o Festival também garante à perpetuação dos saberes tradicionais através de um espaço dedicado a apresentação dos novos aboiadores.

Esse processo de transmissão e do encontro entre diferentes gerações é um dos aspectos mais importantes de uma ação como a deste Festival, único em todo o Brasil a homenagear os vaqueiros.

“O sentido dessa realização é mostrar para as pessoas que uma parte de nossa cultura que está em extinção. O vaqueiro não tem mais os campos, o mundo da tecnologia e a nova configuração do mundo alteraram muito o ambiente de trabalho, mas o canto, o aboio, tem valor imenso para a cultura do nosso país e do Nordeste”, defende a estudiosa.

Segundo Laura, mesmo com as tradições quase extintas por completo, alguns vaqueiros, principalmente de São José dos Ramos, continuam montados em seus cavalos e seguindo os costumes.

O projeto do Festival foi contemplado no edital 2008 do Fundo de Incentivo à Cultura Lei Augusto dos Anjos (FIC), e recebeu recursos na ordem de 40 mil reais, segundo tabela do FIC divulgada pela Subsecretaria de Cultura no ano de 2008.

Dentro do projeto, além da realização do festival, também está prevista a gravação e distribuição de um CD com canções e aboios da festa. “Cerca de 10 vaqueiros estarão participando do Cd, entre eles a vaqueira Lila e dois vaqueiros mirins”, destaca Laura Maurício.

Saiba Mais

O aboio típico no Nordeste do Brasil é um canto sem palavras, entoado pelos vaqueiros quando conduzem o gado para os currais ou no trabalho de guiar a boiada para a pastagem. É um canto ou toada um tanto dolente, uma melodia lenta, bem adaptada ao andar vagaroso dos animais, finalizado sempre por uma frase de incitamento à boiada “ei boi! boi surubim!, ei lá, boizinho!”. Esteja atrás (no coice) ou adiante da boiada (na guia) o vaqueiro sugestiona o gado que segue tranquilo, ouvindo o canto.

Programação

13 de Março
21h Abertura do Festival
21h15 Tributo a Manoel Xudu (Poetas, Repentistas e Vaqueiros )
21h45 Homenagem ao Poeta Popular Zé de Brito
22h Apresentação do Cavalo Marinho (Mestre Zequinha)


14 de Março

4h Alvorada dos Chocalhos e Banda da Policia Militar
7h Café dos Vaqueiros
8h Desfile de Jegue (Escolas e Comunidade )
10h Corrida de Jegue
11h Argolinha
16h Festival dos Vaqueiros Mirins
18h Exibição de Vídeos da UNEB (Vaqueiros de Canudos e Lampião)
19h Festival de Aboio
21h Forró Pé-de-Serra

15 de Março
7h30 Cavalgada (Saída da casa de Zé Preto)
9h Missa do Vaqueiro com o Padre João Izidro
11h Encerramento do Festival

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