segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Noco CD Zabé da Loca

Matéria publicada no Jornal A União

Calina Bispo
Repórter
10.01.08

Zabé da Loca lança novo Cd em Monteiro e comemora 84 anos de idade

A cidade de Monteiro, no cariri paraibano, começa a comemorar com 24 horas de antecedência nesta sexta-feira, 11 de janeiro, os 84 anos da pifeira Zabé da Loca, que aproveita a oportunidade para lançar seu mais novo cd “Bom Todo”. O show de estréia deste novo registro será no Teatro Jansen Filho. Também será exibido um documentário sobre a vida da pifeira, além de declamações com o poeta Expedito Madruga.
No sábado (12), a festa será transferida para o sítio Tungão de Santa Catarina, sendo lá o terreiro a ser ocupado por diversas manifestações que caracterizam a música de Zabé da Loca e da cultura popular paraibana. Para quem gosta, esta será uma festa de aniversário embolada com coco de roda, mazurca, violeiros, forró pé-de-serra e, claro, muito pífano e rabeca.
Zabé da Loca, antes de ser autora de um novo disco, é um exemplo vivo de patrimônio imaterial da cultura brasileira. Este novo cd não representa apenas a reafirmação de sua importância cultural, mas também o registro sonoro e imortal da obra espontânea que ela produz.
“Bom Todo” foi produzido pela Crioula Records, com patrocínio do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Petrobrás e Ministério da Cultura. Também conta com participações especiais como Maciel Salu, filho e herdeiro do rabequeiro Mestre Salustiano, do percussionista Escurinho e do instrumentista Carlos Malta.

Uma Zabé que veio da Loca

Após morar mais de 25 anos em uma loca no cariri paraibano, Zabé acabou ficando conhecida em todo o Brasil, tanto pela sua moradia, quanto pela habilidade e criatividade com que toca pífano. Ela chegou à Paraíba ainda menina, vinda do sertão pernambucano. O “pife”, ela conheceu logo aos sete anos de idade. Sua vida foi dedicada aos trabalhos rurais e a tocar pífano. Mora atualmente no assentamento Santa Catarina, município de Monteiro.
Em 2003, acabou sendo descoberta pelo Projeto Dom Hélder Câmara, que vem mapeando a musicalidade da caatinga para o Ministério do Desenvolvimento Agrário, transformando-se, aos 79 anos, na maior atração do Festival de Brincantes, realizado em Recife.
Sendo reconhecida como grande expressão da música popular, Zabé, em 2003, grava seu primeiro CD "Zabé da Loca", patrocinado pelo MDA. O disco teve assessoria do Quinteto Violado e do Projeto Dom Hélder Câmara e foi gravado no assentamento, sob acompanhamento dos tocadores Beiçola (sobrinho - pífano), Setenta (filho - caixa), Mestre Levino (compadre - prato) e Pinto (vizinho - zabumba). No CD, o grupo executa "Asa Branca" de Luiz Gonzaga e composições próprias como "Balão", "Araçá cadê mamãe" e "Fulô de Mamoeiro".
Daí pra frente, ela não parou mais. Foi a grande homenageada da 10ª edição do Festival Nacional de Artes (FENART), em João Pessoa. Em 2004, se apresentou em Brasília, para o Ministro da Cultura, Gilberto Gil. E foi nesse mesmo ano que deu início a parceria com o músico Carlos Malta começou. Juntos, tocaram duas vezes no Centro Cultural do Banco do Brasil, em Brasília.
Em junho se apresentou ao lado de Hermeto Paschoal, no Fórum Mundial de Cultura, em São Paulo. Essa apresentação foi uma das aclamadas tanto pelo público quanto pela crítica e imprensa especializada.

Saiba Mais – Carlos Malta

Começou a tocar profissionalmente aos 18 anos de idade, acompanhando músicos como Johnny Alf, Antônio Carlos & Jocafi e Maria Creuza. De 1981 a 1993 Carlos Malta esteve tocando com Hermeto Pascoal. Sua carreira solo inicia-se logo após esse período, quando chega a fazer parcerias com Egberto Gismonti, Pat Metheny, Gil Evans, Marcus Miller, Charlie Haden, Wagner Tiso e Nico Assumpção.
Em 1993 aliou-se ao violoncelista suíço Daniel Pezzotti para a gravação do disco "Rainbow", concorrendo ao Prêmio Sharp de 1995. Participa, como professor, de festivais no Brasil e no exterior desde 1994. Nesse ano, fundou os grupos Coreto Urbano (formação variada) e Pife Muderno (Carlos Malta, Andréa Ernest Dias, Marcos Suzano, Oscar Bolão e Durval Pereira).
Em 1997 apresentou-se no Free Jazz Festival com o Coreto Urbano e o Pife Moderno, num show eleito pelo jornal O Globo como o melhor show do ano. Lançou em 1998 o seu primeiro CD solo, chamado "O Escultor do Vento". No ano seguinte, saiu o disco "Carlos Malta e Pife Muderno" (1999). Recebeu o troféu guarnicê de melhor trilha sonora no 26º Festival de Cinema, em 2003, no Maranhão. Em 2003 participou do CD Os Bambas da Flauta, lançado pela Kuarup.

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