Filmagens Água Barrenta

Matéria publicada no Jornal A União

Calina Bispo
Repórter
15.01.08


Apesar das fortes chuvas que caíram em João Pessoa no domingo e na segunda-feira (13 e 14), as filmagens do curta-metragem de ficção Água Barrenta continuam movimentando as ruas da capital paraibana. O filme começou a ser rodado no dia 10 de janeiro e segue até o próximo dia 19.
Segundo Drica Soares, produtora executiva do filme, que tem direção de Tiago Penna, o cronograma de trabalho de toda a equipe não sofreu grandes alterações com as chuvas. “Acredito que se não acontecer nada imprevisível e que não possa ser contornado, estaremos realmente concluindo as filmagens no próximo sábado”, observa.
Água Barrenta trata-se da estória de um grupo de meninos de rua que desperta no meio de uma praça fazendo uso da cola de sapateiro. A criança mais nova – de apenas 6 anos –, mostra-se entristecida e passa a chorar. Questionada pela razão do choro, confessa que aquele dia é o seu aniversário, e que está triste por nunca ter tomado Coca-Cola. A partir de então o grupo de amigos parte, pelas ruas da cidade, determinado a concretizar o sonho do – assim chamado por eles –, “menor”.
E são justamente os percursos que essas crianças fazem que vão revelar uma João Pessoa urbana, de semáforos e malabaristas, esquinas e esmolas, marcas e franquias. Grandes avenidas como a Rui Carneiro e Epitácio Pessoa foram interrompidas no intuito de facilitar as filmagens de muitas das cenas que mostram esse cotidiano.
“Nem acredito que conseguimos fechar a Epitácio Pessoa em um final de tarde. Esse tipo de coisa que fazemos com autorização dos órgãos competentes faz com que as pessoas que estão passando tenham noção de que uma grande produção está ali”, enfatiza a produtora.
No dia hoje, a produção de Água Barrenta segue filmando pelo bairro da Torre, Expedicionários e Tambauzinho, pelas proximidades do Espaço Cultural. Até sábado, as filmagens continuam novamente na Rui Carneiro e Epitácio Pessoa, na praça Antenor Navarro, no Busto de Tamandaré, Mosteiro de São Francisco, Odom Bezerra e Ponto de Cem Réis.
Concluídas as filmagens, Água Barrenta entra em fase de montagem para depois seguir para edição e para o transfer, que vai converter o formato vídeo digital no qual o filme está gravado para o formato de película 35mm, o que aumentará consideravelmente a possibilidade de participação do curta-metragem em diversos festivais de cinema que ainda privilegiam as produções em película a produções em vídeo.
Água Barrenta está envolvendo mais de 40 pessoas em cada cena. São técnicos, assistentes, diretores, colaboradores, atores principais, coadjuvantes e figurantes; mirins, jovens e adultos. Uma verdadeira parafernália de equipamentos, fios, microfones e luzes completam o set de filmagem que se forma em cada lugar que chega o caminhão baú da equipe de produção.
Com um suporte e equipe técnica que não deve em nada às produções nacionais, o filme é produzido em parceria com a Associação Brasileira de Documentaristas – seção Paraíba (ABD-PB), através do patrocínio do Fundo de Incentivo à Cultura Lei Augusto dos Anjos.


Saiba Mais

O projeto aprovado pelo FIC objetiva ainda fomentar a atividade cinematográfica na Paraíba, compondo sua equipe quase que integralmente por técnicos locais, “e preparando artistas infanto-juvenis de camadas populares, dando-lhes uma formação básica no fazer audiovisual, e inserindo-as no efervescente mercado de trabalho artístico local. Além de ser uma oportunidade para que novos realizadores possam se introduzir na atual produção cinematográfica paraibana”, completa Penna.
Já o advogado do filme, Márcio Maranhão, soma a essa fomentação, a importância do papel social a que ele se pretende. “Com esse filme, há a oportunidade desestimular, por exemplo, a mendicância de tantos jovens que vivem em situação de risco social por aí, além do fortalecimento da noção de cidadania”, conclui.