segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Bestiário em Valença...

Matéria publicada no Jornal A União

Calina Bispo
11.02.08
Repórter

Bestiário em Valença...

Na Espanha desde novembro de 2007, o cineasta Carlos Dowling (A Sintomática Narrativa de Constantino e Funesto) está as voltas com seu primeiro longa-metragem que leva o nome de Bestiário. O projeto de Bestiário vem sendo desenvolvido desde 2002, quando Dowling criou a idéia base para o argumento do filme. Mas, só em 2004 é o que o roteiro do filme começou a tomar corpo, como explica o cineasta.
“Em 2004 o projeto foi inscrito no FIC (Fundo de Incentivo à Cultura Lei Augusto dos Anjos), para financiar sua pré-produção e roteirização. Registro aqui a importância desse primeiro aporte financeiro por parte da Lei Augusto dos Anjos em seu ano de implementação, inaugurando um tipo de apoio de pré-produção ao longa-metragem inédito até aquele momento na Paraíba”.
Dowling está finalizando o terceiro tratamento com expectativas de chegar ao quarto e que seja este definitivo. Sua estadia na Espanha está diretamente ligada a esta fase em que se encontra Bestiário, pois é fazendo o Mestrado em Roteiro da Universidade Internacional Menendez Pelavo, em Valência, que o cineasta pretende concluir esta etapa do projeto. “Pensei que seria uma ótima oportunidade para finalizar mais duas versões do roteiro, deixando-o pronto para filmar”.
Quando perguntando sobre previsões de filmagens, coerentemente ele deixa claro que está se dedicando a cada etapa do filme por vez. “Por enquanto são os próximos passos planejados, golpe a golpe, verso a verso, parafraseando um poema espanhol que gosto muito, vou por partes e penso nas tantas etapas uma por vez. A próxima importante é deixar o roteiro exigindo ser filmado”, observa.
Dowling garante que o filme será ambientado em João Pessoa. A capital será o cenário contemporâneo para uma história que remete à tragédia grega. O urbano de uma capital a partir de um enredo que se desenvolve em torno de uma ficção, que está dentro de outra ficção, que é o próprio filme. Afinal, o filme será desenvolvido a partir de um livro que duas crianças em risco social escrevem.
E o fato de pretender filmar em João Pessoa acaba revelando uma carência técnica no tímido setor cinematográfico paraibano. “A principal dificuldade atual é a de conseguir fazer um desenho de produção contando com a parca estrutura de produção local, pois a idéia desde o começo é filmar em João Pessoa. Não temos quase nenhuma produtora habilitada para concorrer aos editais do Ministério da Cultura, e é algo que deixa mais trôpega a trajetória já difícil que é financiar um longa-metragem no Brasil. Mas se fosse fácil não seria tão bom de fazer”, conclui.
Esperemos então por Bestiário, que tem duas acepções. A primeira diz que Bestiário é um gladiador que enfrenta feras e bestas num circo romano. Já a segunda se refere ao termo como um livro medieval que descreve figuras e entes fantásticos e imaginários. Vamos esperar pelo que Dowling vai propor diante disso!

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